29 março 2008

A felicidade é minha natureza essencial

Entrevista com Glória Arieira

O Atma - Quando começou seu interesse pela filosofia hindu?
Num momento de busca pessoal. Procurava nos livros e em palestras um caminho. Foi quando, em 1973, conheci o Swámi Chinmayánanda. As palavras dele chegaram a mim com muita força: "Deus não é uma questão de fé, e sim de conhecimento", e "a natureza essencial do indivíduo é a identificação com Deus", por exemplo. Todos os ensinamentos dele fizeram sentido para mim. Quatro meses depois, resolvi me mudar para a Índia com meu marido e estudar Vedanta, a parte final dos Vedas, os textos sagrados hindus. Esse conhecimento, que foi passado oralmente há mais de 5 mil anos antes de Cristo, deve ser mantido inalterado. Daí a sua tradição oral. O Swami Dayananda foi o meu mestre.


O Atma - Por quê você resolveu dar aulas de Vedanta?
Eu estava vivendo há quase cinco anos na Índia. Estava totalmente adaptada e identificada com a filosofia de vida desse país. Quando pensei: por quê nasci no Brasil? Deve existir alguma razão para isso. Sentia-me segura sobre o conhecimento que adquiri. Estava tudo muito claro para mim. Nesse momento, resolvi voltar. Já no Rio, fui convidada a dar palestras sobre o assunto e as aulas começaram como um processo natural.


O Atma - Qual a relação de Vedanta com meditação?
A meditação é um instrumento para assimilação do conhecimento, o objeto de contemplação daquilo que foi estudado. Traz a sua mente de volta sem o uso da lógica e vê a verdade daquelas palavras ouvidas, os ensinamentos.


O Atma - Você medita com freqüência?
Sim. Existem várias técnicas de meditação que ensino aos meus alunos, como por exemplo: a observação do silêncio, a repetição de um mantra, etc. Mas o que é mais importante é levar uma vida meditativa, ou seja, que ela seja um processo natural durante a vida, com a atenção nos atos e nas palavras.


O Atma - O que é necessário para alguém meditar?
O pré-requisito é querer muito, sinceramente. Dessa forma é possível praticar a meditação, pois meditar é um ato de amor. Ou existe amor ou não existe. Ninguém pode forçar alguém a amar o outro. A meditação não funciona a não ser que se deseje naturalmente. Não pode ser forçada.


O Atma - Você tem três filhos, dois deles adolescentes. Eles meditam?
O espírito da cultura vêdica eles possuem: visão de Deus, orações e valores. A forma a princípio pode ser considerada estrangeira, mas sua essência, o coração, é universal, pois a religiosidade é universal.


O Atma - Qual a importância do conhecimento do Vedanta em sua vida?
Tornou-se mais fácil lidar com o mundo. A vida passa a ser simples. Não existe expectativa no mundo. Não espero que o mundo me faça feliz. A felicidade é minha natureza essencial.



"Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta" Camille Claudel, 1886



"Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado"- Elie Wiesel

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